segunda-feira, 8 de agosto de 2011

As mulheres palestinas da Cisjordânia se entregam ao mar

Meninas e mulheres entraram no mar, sorrindo, salpicando água, dando-se as mãos e sendo derrubadas pelas ondas, jogando a cabeça para trás e, finalmente, rindo com alegria.




A maioria delas nunca viu o mar.

No começo elas estavam nervosas, depois arregalaram os olhos de alegria.

As mulheres são palestinas habitantes da região ao sul da Cisjordânia, que não possui litoral, e Israel não permite o ingresso em seu território. Elas correram o risco de serem processadas criminalmente, juntamente com as 12 mulheres israelenses que lhes levaram para a praia. E isso era parte do objetivo: protestar contra o que elas e as suas visitantes consideram ser leis injustas.



No cenário habitual das relações entre israelenses e palestinos – nenhuma negociação, acusações mútuas, distanciamento crescente e desumanização – a viagem ilícita foi um raro evento que combinou um dos mais simples prazeres da vida com uma das discussões políticas mais complexas. O passeio demonstrou por que a coexistência na região é difícil e por que existem em ambos os lados pessoas que se recusam a desistir dela.



"O que nós estamos fazendo aqui não irá mudar a situação``, diz Hanna Rubinstein, que para participar da ocasião viajou de Haifa para Tel Aviv.



"Porém é mais uma atividade em oposição à ocupação. No futuro as pessoas irão nos perguntar, da mesma maneira que perguntaram sobre os alemães: 'você sabia?' E eu poderei dizer, 'Eu sabia. Eu agi.''' Essas visitas começaram um ano atrás, como ideia de uma israelense. Desde então o projeto desenvolveu-se em um movimento de desobediência civil pequeno e determinado.



Ilana Hammerman, escritora, tradutora e editora, estava passando algum tempo na Cisjordânia aprendendo árabe, quando uma garota aproximou-se e lhe disse que estava desesperada para sair, mesmo que fosse por um único dia.



Hammerman, 66 anos, viúva e mãe de um filho adulto, decidiu levar a garota clandestinamente para a praia.



A viagem, descrita pela escritora num artigo que ela preparou para a revista de final de semana do jornal Haaretz, fez com que outras mulheres israelenses lhe convidassem para discursar e levou à criação de um grupo chamado 'Nós Não Obedeceremos’. Isso fez com que uma organização de direita encaminhasse uma queixa contra o grupo à polícia, provocando o interrogatório das suas integrantes.



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