Ela que já foi assistente de palco da xuxa, e chegou a posar nua na playboy com apenas 16 anos de idade.
Agora como atriz da novela amor e revolução, com sua personagem bem carismática e sedutora deu o primeiro “beijo gay”, em uma novela brasileira.
Após seis anos longe da televisão, você voltou na novela “Uma Rosa com Amor”, em 2010, e, agora, com uma polêmica personagem em “Amor e Revolução”. Como surgiu o convite para fazer este último trabalho?
LUCIANA VENDRAMINI - Tenho uma relação de muito carinho e admiração pelo Tiago Santiago [diretor da trama]. O convite surgiu dele e o Sergio Madureira fechou o contrato.
Você já sabia que sua personagem, a Marcela, daria um beijo gay quando aceitou o papel?
Novela é uma emoção todo dia que recebemos os capítulos. Muita coisa da sinopse muda durante uma novela no ar. Eu não sabia que ela era gay, como não sabia do beijo também. Amei a ideia quando soube. Fazer uma personagem que foge do meu padrão é o melhor presente que posso ter!
Você chegou a conversar com mulheres homossexuais para se preparar para a personagem?
Estou pronta pra qualquer desafio a hora que for, mas quis muito conversar com mulheres gays pra saber sobre conduta, como elas lidam com a paixão, como elas amam, o quão é intenso esse amor e também quis saber como é a relação delas na hora de fazer amor. Acredito que seja diferente de um casal hetero, e tive respostas incríveis. Me ajudou muito a compor melhor a personagem, já que eu não queria fazer nada caricato. Queria sim uma advogada feminina e forte.
E você já gravou a cena de sexo entre a Marcela e a Marina (Gisele Tigre)?
Ainda não gravamos a cena de amor delas. Recebemos o roteiro com a cena, e está bem delicada. Muito próximo dos depoimentos de mulheres gays que conversei, e, com o bom gosto do diretor Reynaldo Boury, tenho certeza que será linda e emocionante.
Torce para qual final para Marcela?
Torço muito pra que Marina e Marcela terminem juntas, pois o amor delas se fortalece a cada capítulo. Mas em novela tudo pode acontecer.
E já teve algum fã que reagiu negativamente a sua atual personagem?
Tive surpresas maravilhosas com relação a reação do público. Muita gente vem falar comigo que gostou do beijo delas. O curioso é que a maioria das que comentam é heterossexual. Quando fazemos com verdade a cena, o telespectador sente isso e passa a acreditar mais ainda no amor das duas. Até agora, não recebi nenhuma crítica negativa.
Já foi assediada por alguma mulher?
Já fui sim, mas era muito nova e nunca percebi que era uma cantada. Achava que era carinho por mim. Essa coisa de interior, sabe? Tipo: "Essa é minha melhor amiga, saímos juntas, estudamos juntas, vamos pro clube juntas"... Sempre achei que fosse esse tipo de demonstração, por isso também nunca reagi mal. Só fui entender anos depois. Hoje em dia acabo sendo assediada e reajo com naturalidade como se fosse um assédio de um homem. Falo da minha preferência e tudo fica bem. O importante é ser sincera e agir com respeito com todos.
O assédio dos homens aumentou?
Não senti que aumentou com os homens, não. Mas com mulheres sim. Recebo mais cantadas delas... [risos]
Como está seu coração?
Estou super apaixonada pelo meu namorado, Stefan, com que estou há três anos. Ele é uma pessoa carinhosa e que me entende muito.
Pensa em ter filhos em breve?
Quando estamos muito apaixonados, é normal pensar em casar e ter filhos. Eu nunca senti vontade de ter filhos. Com o Stefan, é a primeira vez que sinto esse desejo sem medos. Acho que daqui a um ano penso em ter, apesar de achar que essas coisas não se planejam, acontecem...
Você ficou por quatro anos afastada do trabalho por conta de um Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC). Depois do tratamento, você acha que superou completamente a doença?
Já é passado com certeza. Fiquei totalmente curada em 2003, e logo após o tratamento embarquei numa peça de teatro com temas parecidos com o que tinha vivido. Muitas pessoas achavam que estava sendo difícil interpretar esse papel, mas digo que foi maravilhoso fazer depois do TOC. Sabia exatamente como interpretar aquela dor, foi uma grande catarse.
A vontade de voltar a trabalhar te ajudou na superação?
Eu preferi dar um tempo no trabalho, pois acho que não daria pra fazer o tratamento e trabalhar ao mesmo tempo. A carreira de artista exige muita entrega, e eu preferi assim. Foi a melhor decisão que tive. Quando pensei em voltar ao trabalho, quis começar pela escola de teatro do Antunes Filho, pois sabia que lá seria uma grande imersão no trabalho e no ego. Lá, a gente desconstrói tudo, e constrói com força e propriedade. Ele foi meu grande amigo nessa jornada. Me dava muito apoio, brincava comigo, e me fazia me entregar mais ainda nessa segunda vez que estive lá estudando. A primeira vez foi em 1989, e foi maravilhoso também. Só tenho lembranças lindas de lá. O trabalho com prazer realmente purifica a alma.
Você ainda faz tratamento com medicação para controlar o TOC?
Tomo sim. Uma dosagem mínima necessária. Nenhum tratamento deve ser olhado como página virada e sim ter sempre um olho aberto. Por isso, faço visitas a minha médica de seis em seis meses pra sempre ter certeza de que está tudo bem.
Voltando à sua adolescência: você foi emancipada e posou nua aos 16 anos para a revista "Playboy". Se arrepende de ter aceitado a proposta?
Hoje, não. Fez parte da minha adolescência e foi com muita pureza na época. Não tinha a menor noção o que seria sex simbol, que, aliás, nunca gostei desse título. Até porque naquela época, quando falavam isso, eu me assustava. Achava que tinha algo ligado a sexo, e como poderia ter se eu era virgem? [risos] Que menina ingênua que eu era! Na época, cheguei a me arrepender pela timidez que foi enfrentar aquela exposição sem preparo algum. Mas hoje vejo com outros olhos. Foi minha ingenuidade que despertou tantas curiosidades.
Se fosse hoje e tivesse uma filha nessa idade, você a aconselharia a aceitar uma proposta para posar nua?
Ai, que difícil! Mas acho que não deixaria. Tenho a impressão que serei uma mãe brava [risos]. A minha família foi maravilhosa comigo. Eles sempre diziam que estariam ao meu lado pra tudo, mas desde que eu soubesse o que realmente queria. Naquela época, eu dizia que tinha certeza que queria fazer as fotos, mas no fundo não tinha não. Eu só queria ser uma menina moderna de Ipanema, onde eu morava, e acabei descobrindo que eu era só uma menina ingênua do interior.
Hoje em dia se sente realizada pessoal e profissionalmente?
Sinto sim. Hoje sei exatamente o que eu quero profissionalmente, e ainda faço com muito amor. Antes sempre ficava dividida se queria continuar nessa carreira artística, mas depois de tudo que passei, tenho certeza que não seria tão forte como sou agora. O sofrimento, seja ele qual for, realmente fortalece.
Como se imagina daqui a 30 anos?
Sempre que prospectei isso, não acontecia o que eu achava. Mas vou sonhar um pouco e dizer que pretendo ter uma carreira forte no teatro, na TV e no cinema, por que não? Afinal é o que eu amo fazer!
Nenhum comentário:
Postar um comentário