terça-feira, 21 de agosto de 2012

O Studio Made in PB entrevista: Jonas Trindade- arte-finalista de hqs


By: NINJA

Sem duvida a arte final é uma técnica muito apurada que leva muito tempo de pratica para conseguir dominar com maestria, eu mesmo já fiz vários trabalhos de arte final, mas sempre em cima dos meus desenhos, mas conseguir um bom resultado em cima do desenho de outro não é mole não. É preciso estudar bastante o estilo do desenhista para entender o que ele quis dizer e simplificar tudo. Ou seja, fazer uma limpeza nos traços originais. Meus arte-finalistas preferidos são poucos, pois sou muito exigente com o desenho que compro.
Adoro o trabalho do NELSON DE CASTRO (em marvel knights-veja a diferença do traço do Klaus janson e o dele na arte final), JOE WEEMS(na arte do MARC SILVESTRI), SCOTT WILLIAMS no desenho do JIM LEE, entre outros.(imagens no fim da postagem)
Nessa entrevista, Paloma Diniz fala com o arte-finalista Jonas trindade. Ele tem um traço muito bonito. Veja a entrevista:

 "Posso falar com conhecimento de causa: apesar de ter feito apenas 02 testes, posso afirmar: ser arte finalista é complicado! PUTA QUE PARIU! Esse negócio de que ser arte finalista é fácil, basta apenas cobrir de preto os desenhos… Isto é uma das maiores inverdades que conheço. E outro detalhe: ser arte finalista é uma etapa necessária na produção dos quadrinhos periódicos, cujos profissionais são desvalorizados do ponto de vista do mérito profissional e pouco desconhecidos pela população em geral. Analisando o processo, arte final é tão necessária como a função do argumentista, roteirista, desenhista, colorista, balonista e letreirista (e colocar letreiro e balão é outro ofício desvalorizado).
Enfim… Em defesa dos artes finalistas, convidei para uma entrevista Jonas Trindade atualmente agencia do pela Space Goatque trabalha neste ofício".
 (Paloma Diniz)



Paloma Diniz: Tudo bem, Jonas?
Jonas Trindade: opa \o/
PD: Antes de quaisquer outras perguntas, por favor, fale sobre o processo de arte final.
JT: Bem o processo em si começar, pelo menos para mim, de duas formas: ou imprimindo a página, ou fazendo sobre o original a lápis; feito isso, eu analiso todas as páginas e antes mesmo de finalizá-la – eu já faço isso mentalmente – eu estudo qual a melhor forma de separar os planos, como trabalhar as texturas, aonde eu posso acrescentar algo do meu desenho porque arte finalista tem que saber desenhar; um arte finalista de destaque é um desenhista também. Depois de toda a análise, eu escolho qual ferramenta usar: pincel, bico de pena, caneta nanquim descartável ou até mesmo caneta técnica.
Depois de feita a página eu digitalizo ela em três (03) partes isso se for um A3 inteiro se for separada em partes de A4. Isso ocorre quase sempre porque geralmente eu imprimo as páginas, eu faço toda a parte de ajuste no Photoshop. Primeiro eu monto a página, depois limpo o canal da cor que foi impressa a página; eu uso azul como cor base pra imprimir o lápis, ah sim! Importante: sempre que recebo o arquivo eu passo ele de cinza para azul, bem feito to do processo do scan, eu ajusto os níveis da página e deixo as linhas com mais texturas; passo para o formato bitmap e salvo em TIFF zipado para ser enviado para o colorista. O arquivo em TIFF zipado permite reduzir o peso do arquivo sem interferir na qualidade do mesmo; eu faço todos os meus scans com 600 dpis de resolução, salvo nesse formato primeiro o que chamamos de arquivo em alta e depois eu passo pra tons de cinza e salva em JPEG bem leve o que chamamos arquivo em baixa que vai para o editor aprovar. Nunca mandem arquivos gigantes para o editor aprovar.
PD: Como você se tornou arte finalista?
JT: Bem, foi engraçado, pois estudei como Guilherme Balbi, meu amigo e desenhista de quadrinhos; nessa época vi meu professor arte finalizar um desenho e fui fisgado, parei e falei vou ser “inker”; meus primeiros traços com pincel foram sobre desenhos do Balbi nessa época isso em 2004. Depois disso fui aprimorando minha técnica; hoje eu sei usar praticamente de tudo para fazer arte final.
 
PD: Eu já escutei comentários afirmando que a profissão de arte finalista estava se extinguindo. Qual a sua opinião sobre esta afirmação?
JT: Olha é quase que impossível a profissão acabar, mesmo porque nem todos os desenhistas sabem fazer um lápis limpo e certinho, hoje a muitos recursos como fazer a arte final digital ou tentar escurecer o traço, mas mesmo assim é inferior ao bom e velho pincel, é claro se você souber usar uma mesa gráfica bem conseguirá finalizar como se estivesse usando um pincel, mas acabar não eu duvido, pode haver novas formas de se finalizar o desenho, mas sumir nunca.
PD: Quais são as ferramentas para fazer uma boa arte final?
JT: Primeiro saber desenhar bem; todo arte finalista de destaque sabe desenhar. Segundo não ter medo de experimentar novas técnicas ser humilde e escutar as boas e, mas críticas e entender que tudo tem sua hora; isso de forma resumida.
PD: Vamos falar um pouco sobre você. Fale sobre Jonas Trindade.
JT: Mineiro da cidade de Contagem próximo a BH, solteiro, 30 anos (risos), arte finalista de Comics, pescador inveterado, de poucas palavras, sempre podendo estende a mão pra ajudar, mas não se enganem como todo bom mineiro e muito desconfiado.
 
PD: Como foi que você interessou-se pelo universo dos quadrinhos?
JT: Foi de moleque com quadrinhos da Monica aliás, todo mundo começa lendo Mônica (risos). Depois disso arrumei umas HQs de terror da hora do pesadelo desenhadas pelo Alfredo Alcala, antigo isso… e ai, eu fui me interessando por quadrinhos de super heróis, mas na época eu já lia Raça das Trevas do Clive Baker entre outros tipos de publicação, mas foi bem natural agora migrar de fã pra trabalhar com isso. Foi um pouco mais tarde, quando a Editora Image invadiu o Brasil, e se tinha mais informação de quadrinhos, muitas delas publicadas pela extinta revista Wizard. O bacana é que naquele tempo eu lia uma matéria sobre quadrinistas brasileiros fazendo comics pros EUA; se não me enganou foi na época quero Marcelo Campos entrou nossa achei a notícia fantástica depois vieram Deodato Jr., Roger Cruz e outros mais, mas não se tinha uma estrutura pra iniciar novos artistas.
PD: Cite algumas HQs que você trabalhou e no que você está trabalhando em que quadrinhos atualmente?
JT: Já trabalhei pra revista Elders of Runestone, Red Tornado DC Comics, Nick Fury Marvel, Transformers Editora IDW, Teen Titans da DC Comics, entre outras. Atualmente estou trabalhando como Allan Jefferson na revista Devil is Due in Dreary e vou iniciar um pra Dark Horse. O da Dark Horse ainda não pode falar.
PD: Você pretende trabalhar como desenhista? Ou melhorar-se e continuar como arte finalista?
JT: Olha tudo dando certo eu viro desenhista (na etapa de criação da história), mas até eu me acertar, eu continuarei com as inks, como meu processo de arte final tá mais adiantado agora, é ir estudando desenho aos poucos.

PD: Você está no FIQ por estes dias? Você encontrou outros arte finalistas?
JT: Eu estive lá todos os dias. Foi muitoooooooooooooooooo fodaaaaa, conheci muita gente praticamente todos os meus amigos novos da web e mais uma pancada de profissionais da área; só tinha nego foda lá! Poxa Paloma você ia pirar, viu? Encontrei lá meus amigos que trabalham como arte finalistas Eber Ferreira e Julio Ferreira (e olhe que eles não parentes! (risos). Tinha no 7º FIQ, um estúdio ao vivo aonde podíamos ir e trabalhar um pouco mostrar partes do processo pra galera que vinha ao evento poder ver como é feito uma HQ.
PD: Você tem acompanhado a produção brasileira de quadrinhos?
JT: Um pouco; nesta edição do FIQ tinha muitos independentes; inclusive eu recomendo a trilogia, dos meus amigos do Sul. O fanzine Supreme do João Azeitona, Mateus Santo Louco e Walter Pax.
PD: E pra finalizar: sofres do mal que aflige os desenhistas: você tem escoliose?
JT: hahahahaha… Se eu tenho, eu nem sei, viu? Mas as costas doem depois de um tempo trabalhando; preciso me movimentar mais (risos).

 

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