Apaixonados por jeep, minha esposa e eu, decidimos participar de uma trilha de jipeiros. Chegamos logo cedo na cidade de Picuí e começamos procurar os jeeps que tinham chegado e fomos tirar algumas fotos ao lado dos velhos guerreiros.
Encontramos uma gaiola muito bonita. Enquanto não saía para o desfile, nós nos divertimos bastante entre os veículos presentes como se estivéssemos no paraíso. Como nunca havíamos participado de uma trilha resolvemos não arriscar nosso jeep. Arriscamos nossa moto. Fomos como uma espécie de suplentes.
Inicialmente, chegamos como se fossemos invasores... Uma moto numa trilha de jeep! Seguimos driblando uns e outros, procurando alguém amigável. Encontrei Manoel, Alex e outros amigos. E assim saímos “comendo poeira”, e nos divertindo muito.
Na primeira parada, um senhor da cidade de parelhas-RN, veio nos oferecer um pouco do seu lanche. Quando viram que nós não íamos desistir, começaram aos poucos nos cumprimentar e o clima ficou bem melhor.
Quando chegamos à primeira passagem d’agua, alguns buggys e outros tipos morreram na agua. Eu fiquei receoso de passar mesmo de moto. Mas na hora de passar me joguei com todo entusiasmo de quem vai de jeep.
No local marcado para o banho, começou mesmo a diversão.
Teve alguns que afogaram os carros na água funda, teve um willys que não conseguimos tirar. Alguém gritou: “chama ‘Tony cabaré’, ele não deixa ninguém pra trás” e chamaram um “jipeiro louco” para puxar.
O cara era mesmo um louco, chamava-se: “Tony cabaré”. Que por sinal já vinha derrubando arvores com seu jeep. Ao invés de puxar só o suficiente para arrancar do buraco, ele decidiu subir toda a subida que tinha para sair do local. A parte engraçada foi quando o dono do willys saiu correndo atrás mandando parar. Mas a corda arrebentou e o willys desceu atrás do dono.
Por sorte, tinha uma arvore grande e ele conseguiu parar nela. Ao arrebentar a corda, a força jogou o troller do “cabaré” para frente, e caiu em um buraco que deu trabalho par sair, mas ele saiu sem ajuda.
Sua esposa passou-lhe um sermão, pela irresponsabilidade, mas ele manteve o entusiasmo e a diversão continuou. Afinal, estava todo mundo bêbado mesmo.
Saindo todo mundo do local em direção à cidade de nova palmeira, a trilha se complicou de verdade; ate mesmo a gente de moto, tivemos dificuldade para passar em alguns trechos.
Teve um pessoal do “brejo” que encontramos trocando o pneu. Paramos para auxiliar no que fosse preciso. Esse pessoal nos ofereceram agua e lanche e aceitamos. Convidaram-nos para irmos até a cidade de cacimba de dentro, onde vai ter outro encontro de jipeiros. A esposa do “Tony” já havia nos oferecido do seu lanche (galinha), mas estávamos ainda meio, inseguros, quanto aceitar ou não.
Mas depois de uma conversa descontraída com todos na parada da troca de pneu, nos sentimos em casa. Eles eram “a turma que não deixa ninguém para trás”.
Estavam admirados com a nossa resistência a tanta poeira e dificuldades apenas para acompanhar uma trilha de jeep. Falamos que somos jipeiros, mas que nunca havíamos participado de uma trilha antes, e por isso estávamos de moto. Incentivaram-nos a criar um evento de jeep em nossa cidade (Baraúna), que com certeza compareceriam.
Adiante encontramos a gaiola do nosso amigo, Alex abandonada e guinchamo-la e a levamos conosco. Quando íamos pegando o asfalto, encontramos o Alex que já vinha com as ferramentas para o concerto.
Esperamos ele consertar, felizmente, só tinha quebrado a barra de direção.
Ajudamos a empurrar um buggy e em seguida, nos dirigimos para a cidade de Picuí, já era noite.
Acompanhamos o Alex ate a cidade e em seguida, nos dirigimos para casa, cheios de poeira nos olhos, roupas ensopadas de agua e lama, sapatos encharcados, queimados do sol, mas com a alma lavada e um sonho realizado: sempre quisemos ir a um evento de jeep e nunca tínhamos conseguido antes. Foi o máximo.
o jeep do "tony cabaré"
